A produção de bovino de corte em confinamento depende de diversos fatores que afetam a margem de lucro e a capacidade do pecuarista em se manter na produção. São diversos fatores que podem afetar os ganhos econômicos nessa atividade, sendo alguns deles o custo com alimentação e custos operacionais, formados por mão de obra, insumos, impostos, óleo diesel, etc.
Nesse caso, para efeito de cálculo, esses custos podem ser somados e transformados na chamada “Diária do confinamento”, que seria o custo total/cabeça/dia. Mas porque discutir sobre isso? Bem, em boa parte dos confinamentos brasileiros, o monitoramento de peso dos animais é realizado com base em apenas duas pesagens, a de entrada e a de saída, variando de 90 a 120 dias o intervalo entre elas. Ou seja, durante 88 a 118 dias, o produtor fica no escuro, com uma caixa preta nas mãos, confiando apenas em uma estimativa de ganho de peso extraída a partir de indicadores para raça ou no histórico da propriedade.
No entanto, não podemos considerar essas estimativas como sendo as mais precisas e/ou apropriadas! Veja bem, existem diversos fatores que afetam o ganho de peso dos animais:
- Raça ou cruzamento;
- Doença Subclínica;
- Fatores Climáticos;
- Localização da propriedade;
- Manejo nutricional;
- Alteração de suplementação;
- Etc;
Ou seja, no meio do caminho podemos ter grande variação de desempenho produtivo dos animais, oque pode acarretar em furos na estimativa e conseqüentemente, levar o produtor a perdas financeiras.
LOGO, É NECESSÁRIO MONITORAR OS ANIMAIS, POR MEIO DO BOI INDICADOR!
Para demonstrar os efeitos da variação de desempenho produtivo dos animais sobre a estrutura de ganho e custos, foi realizada uma avaliação de curto prazo (22 dias), em que foi considerado o desenvolvimento de um pequeno lote (63 animais) Nelore e Anelorados de um dos nossos parceiros. Para comparativo de desenvolvimento dos animais, foi considerada uma estimativa de ganho de peso de 1,300 kg/dia/cabeça (referência da propriedade), com peso inicial médio de lote de 413kg. No gráfico abaixo, mostramos como foi o desenvolvimento real versus o predito.


Por meio da análise do gráfico, é possível perceber que o lote ganhou peso, sendo isso demonstrado pela linha de tendência em azul. Porém, esse ganho foi bem abaixo da previsão que havia sido estabelecida com base na estimativa do parceiro, representado pela linha verde. Ao final do ciclo de 22 dias, o lote pesava em média 434.20 kg, com um ganho médio diário de 0.968 kg/dia/cabeça. A previsão pela estimativa é a de que o lote deveria pesar em média 441.90 kg. Logo, é possível avaliar que a estimativa utilizada na propriedade para aquele momento estava superestimada com relação à real tendência de crescimento dos animais.
MAS OQUE ISSO REPRESENTA EM TERMOS ECONÔMICOS?
Saber apenas que os animais ganharam menos peso que o previsto não é tão interessante como compreender o quanto isso é economicamente importante!
Para que o lote alcançasse o peso estabelecido na previsão, seria necessário pelo menos mais oito dias de cocho, como representado no gráfico abaixo. Nesse caso, a um custo de diária equivalente a R$20,00/cabeça, estaríamos falando de um incremento de R$ 160,00 reais em custo de diárias no confinamento.


MAS A ANÁLISE NÃO PARA POR AÍ! É NECESSÁRIO AVALIAR O CUSTO PARA GANHAR UM KG!!!
Considerando que o custo da diária seja de R$20,00/cabeça/dia, logo, teremos que o custo do período avaliado será de R$ 440,00/cabeça.
Sabendo os pesos de início e fim do período avaliado, temos que a o ganho de peso previsto e real foi de 28,60 kg e 20,87 kg, respectivamente.
Com base nos números extraídos por meio do sistema, é possível calcular o custo por kg de peso ganho no período por cabeça. Nesse caso, os resultados são apresentados no gráfico a seguir.


Analisando o gráfico, é possível avaliar que o custo para ganhar um kg de peso vivo foi 1,37 vezes maior do que o previsto no início do ciclo produtivo, ou seja, R$ 5,69 mais caro. Se considerássemos um total de 200 animais, a diferença de custo seria de até R$ 1.139,46 ao final da avaliação.
Além disso, se considerarmos o preço da arroba na região de Campo Grande/MS, de R$288,50, seria esperado que durante esse período, a diferença de lucro entre o real e o previsto fosse de R$ 675,59/cabeça!!!
Logo, não monitorar os animais de forma constante, por meio de um boi indicador (Animal avaliado por meio do sistema de pesagem voluntária da Z-Tecs) é trabalhar no escuro e potencialmente sofrendo perdas produtivas e econômicas devido à ineficiência produtiva.
CONCLUÍMOS, PORTANTO QUE…
A necessidade de monitoramento constante por pesagem voluntária dos animais não está baseada apenas na necessidade de coletar dados, mas sim de tornar eficiente o processo produtivo. O uso de um sistema de pesagem voluntária e constante serve como um farol para o pecuarista, auxiliando-o na tomada de decisões cada vez mais pautadas em informação de qualidade!
João Sampaio
Zootecnista, mestrando em zootecnia e analista de dados.